O INÍCIO DO FIM
Eu lembro onde tudo começou. Lembro exatamente onde tudo começou. Foi há, aproximadamente, quatro anos. Talvez um pouco mais, ou um pouco menos. Mas eu me lembro. O sol nasceu tão radiante quanto o meu despertar. Ao abrir a janela do quarto, deixei que sua luz invadisse o ambiente.
Como a vida é cruel. Como saberia eu, que aquele era justamente o dia do início do fim. Um dia tão belo. Eu pensava que o fim viria em um ambiente bucólico, num dia escuro com uma fina chuva e um vento frio, como nos filmes americanos. Mas não, o fim veio justamente em um dia de sol, daqueles que nos dá mais vontade de viver.
Após uma boa refeição, eu começava a me preparar para mais uma batalha. Confiante como um leão que estuda os movimentos da sua presa, só esperando a hora do embate. Tranqüilo como poucas vezes estive em uma situação como esta.
Quem temia era justamente a parte contrária, já abalada pelas derrotas nos últimos embates. No entanto o orgulho mata um vencedor. Não somente o seu, mas principalmente o orgulho ferido do inimigo. Esse traz forças, revigora e com a disciplina da derrota o faz levantar e dar volta com mais força.
O orgulho do vencedor não, esse só dispersa o guerreiro, o faz esquecer da humildade necessária na batalha. O orgulho vencedor subestima a força do adversário e faz o vencedor esquecer da disciplina e do treinamento como se a vitória fosse algo eterno.
Na hora marcada, me dirigi até o local da batalha. Não era eu quem iria lutar, mas meu guerreiro era praticamente imbatível perante o adversário do dia, ainda mais lutando em seu território. Cheguei um pouco tarde, debochando do adversário, o que me deixou em uma posição desconfortável para presenciar o embate.
No início da batalha percebi a evolução do adversário. O seu vigor não era o mesmo de batalhas anteriores. Ele estava mais forte, mais bem postado e mais agressivo. Fiz de conta que estava tudo certo até o golpe final. O grito abafado dos poucos adversários me abriu os olhos.
Após o apito tive que engolir aquela derrota a seco. A treze jogos o grêmio não perdia um grenal, e após aquele jogo confesso que o inter se agigantou e o grêmio mergulhou em sono profundo. Perdemos em casa com um gol do Danielo Carvalho. O bar onde assisti ao jogo estava tomado de gremistas que se retiravam cabisbaixos. No momento me pareceu só uma derrota, um acidente de percurso, mas era muito mais que isso, era o início do fim. E há, aproximadamente, uma hora atrás eu me dei conta de que está tudo chegando ao fim do fim. O inter se organizou, se fortaleceu e se impôs. Sendo premiado com um título da América. Agora, como bons guerreiros devemos admitir que o momento é deles, o momento é do inter.
Mas “pelamordedeus”, não coloquem um manto vermelho sob o “laçador” de Porto Alegre, isso vai doer na alma desse guerreiro.
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